Publicado por Jorge Henrique Silva Leite de Souza Ribeiro.
Piezoelétrico
O captador piezoelétrico é muito comum em instrumentos eletroacústicos, como violões, violinos etc. o seu princípio de funcionamento é bem característico, já que o mesmo capta a vibração mecânica da caixa acústica do instrumento, de certa forma essa vibração é gerada a partir das cordas, mas não é captada a partir das cordas, o que permite que o captador piezo elétrico também capte melhor a percussão gerada na caixa acústica.
*Adendo: é possível captar percussão em instrumentos elétricos, porém em uma relação inversa à apresentada, já que no caso a percussão geraria vibração nas cordas ou outras partes metálicas.
Captador de bobina única (“single coil”)
O captador de bobina única foi o primeiro a ser inventado exclusivamente para instrumentos elétricos, no começo era utilizado em guitarras havaianas, depois foi adaptado para o uso em guitarras semiacústicas e enfim às guitarras elétricas de corpo sólido. Sua construção é simples, utiliza-se apenas uma bobina, que consiste em um "carretel" de fio de cobre (espiras), ímãs, um cabo positivo ligado a uma das extremidades do fio de cobre e um cabo negativo ligado a outra. Os captadores de bobina simples tendem a ser muito sensíveis a ruído, no geral da própria corrente elétrica, mas há também o de aparelhos eletrônicos, sinais de rádio, telecomunicação etc., uma das soluções mais comuns são os chamados "escudos", quando é utilizado um material metálico ao redor do captador para tentar repelir sinais indesejados, essa solução apenas reduz o ruído.
Captador de bobinas múltipla ou resistente a ruído (“Humbucker”)
Criado em meados dos anos 1950 para solucionar de vez o problema dos captadores de bobina única com ruídos, surgiram os captadores de bobinas múltiplas, originalmente com duas bobinas, com enrolamentos de espira em sentidos opostos, ligados em série, porém, existem modelos que utilizam mais bobinas que funcionam no mesmo princípio, com as correntes seguindo direções oposta há uma redução do ruído, em contrapartida há uma alteração nas características de som.
Isso ocorre porque a captação é diferente, ao invés de captar a vibração com uma bobina e transformar em uma corrente elétrica, esse tipo de captador capta o som individualmente em cada uma de suas bobinas, já que cada espira é enrolada em sentido oposto uma da outra, as correntes não seguem o mesmo caminho, logo são transformadas em duas ou mais corrente elétricas que são somadas na ligação em série antes de ir para o circuito, porém, é possível alterar as ligações com chaves seletoras, podendo mudar as características do som com a ligação paralela das bobinas e até mesmo separar o som das bobinas (“coil split”) ou simplesmente cortar uma das bobinas do circuito (“coil cut”).
No geral, em série o som é mais "cheio", "forte", tendo em vista o aumento de potência, em paralelo a potência diminui, mas o volume se mantém, afinal as duas bobinas seguem juntas, mesmo que não se somando, separar a bobina gera perda de volume considerável, já que ainda há uma bobina ligada "parasitando" corrente, cortar uma bobina não causa esse problema, já que há um desligamento com o corte de corrente de uma das bobinas, porém exige um circuito mais complexo; seja com separação ou corte, bobina única volta a ter ruído.
Captadores ativos
Os captadores ativos tem como diferencial um circuito pré-amplificador, que serve basicamente para amplificar a corrente antes de chegar ao amplificador, fazendo com que o som tenha mais potência e volume, no geral esses captadores tendem a ser de bobinas múltiplas, já que qualquer incidência de ruído pode acabar sendo amplificada, piorando o problema, para captadores de bobinas únicas há circuitos pré-amplificados de volume e tonalidade, como não amplificam a captação não há tanto problema, porém, em ambos os casos, seja de captação ou circuito ativo de volume e tonalidade, é necessária uma alimentação externa no circuito, ou seja, baterias, em alguns casos a voltagem da bateria pode mudar as características do som, aumentando volume e potência, no geral esse aumento significa melhora na resposta do captador e no ajuste do som.
Tipos de ímãs
Os ímãs podem variar de uma liga de alumínio, níquel e cobalto (AlNiCo) classificados de acordo com sua força de 2 a 5 e 8, acima do 8 se utiliza ímã de cerâmica, nesse caso o ímã tem que ficar embaixo da bobina ligado a cilindros metálicos ou parafusos que sirvam como polo magnético, já que o ímã de cerâmica é forte demais e pode puxar as cordas.
Há também uma liga de Cobre, Níquel e ferro (CuNiFe), de uso incomum, esses ímãs eram feitos para os tacômetros analógicos dos veículos antigos, foram reaproveitados pela Fender para desenvolver seu próprio captador resistente a ruído, o "Wide Range Humbucker".
Bobinas
Bobinas são carretéis de fio de cobre que formam um circuito, quanto maior o número de voltas em uma bobina, maior a sua tensão, quanto maior a tensão, mais forte o captador (a depender do imã), uma maneira de conseguir mais voltas no carretel é utilizar fios com diâmetros menores, a medida padrão utilizada é a “AWG” (“American Wire Gauge”), no geral é utilizado de 43 AWG a 41 AWG, de 0,56mm a 0,7mm respectivamente.
O carretel é feito de plástico, tem tamanhos e formatos variados que vão de acordo com o modelo do captador e quantidade de voltas de fio de cobre.
Continuação...
No próximo artigo serão apresentados os modelos mais comuns de captadores, com algumas menções honrosas e a especulação em relação ao futuro dos captadores diante das novas tecnologias.
Fontes:
Feitscher, George; “Captador piezoelétrico em um violão.”, 2005, disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/Piezoelectric_pickup1.jpg
Seymour Duncan; “The Anatomy Of Single Coil Pickups”, 2020, disponível em: https://www.seymourduncan.com/blogs/wp-content/uploads/single-coil-diagram.jpg
Stewmac; “Diagrama de um captador de bobina dupla.”, 2022, disponível em: https://www.stewmac.com/video-and-ideas/online-resources/learn-about-guitar-pickups-and-electronics-and-wiring/humbucker-pickup-kit/